sábado, 16 de outubro de 2010

DIGA, SINTA, OUÇA e FAÇA

Os contadores de histórias das florestas falam de dois tipos de fome.
Dizem que há a fome física e também a Grande Fome.
Esta é a fome por sentido.
Existe apenas uma coisa insuportável: uma vida sem sentido.
Não há nada errado com a busca pela felicidade.
Mas existe algo grande, o sentido, que é capaz de transformar tudo.
Quando você tem sentido, você é feliz, você pertence.
(Sir Laurens van der Post, no documentário Hasten Slowly)


 

Planeta perdeu 30% de recursos naturais

O Estado de S.Paulo, em 13 de outubro de 2010
 
Ameaçada. Vista aérea da floresta amazônica. Foto: Dida Sampaio/AE
Ameaçada. Vista aérea da floresta amazônica. Foto: Dida Sampaio/AE
Em menos de 40 anos, o mundo perdeu 30% de sua biodiversidade. Nos países tropicais, contudo, a queda foi muito maior: atingiu 60% da fauna e flora original. Os dados são do Relatório Planeta Vivo 2010, publicado a cada dois anos pela organização não governamental WWF.

O relatório, cujas conclusões são consideradas alarmantes pelos ambientalistas, é produzido em parceria com a Sociedade Zoológica de Londres (ZSL, na sigla em inglês) e Global Footprint Network (GFN).

"Os países pobres, frequentemente tropicais, estão perdendo biodiversidade a uma velocidade muito alta", afirmou Jim Leape, diretor-geral da WWF Global. "Enquanto isso, o mundo desenvolvido vive em um falso paraíso, movido a consumo excessivo e altas emissões de carbono."

A biodiversidade é medida pelo Índice Planeta Vivo (IPV), que estuda a saúde de quase 8 mil populações de mais de 2,5 mil espécies desde 1970.

Até 2005, o IPV das áreas temperadas havia subido 6% - melhora atribuída à maior conservação da natureza, menor emissão de poluentes e melhor controle dos resíduos. Nas áreas tropicais, porém, o IPV caiu 60%. A maior queda foi nas populações de água doce: 70% das espécies desapareceram.
Consumo desenfreado. A demanda por recursos naturais também aumentou. Nas últimas cinco décadas, as emissões de carbono cresceram 11 vezes.

O relatório afirma que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada por 33 países em geral desenvolvidos, são responsáveis por 40% da pegada de carbono global, e emitem cinco vezes mais carbono do que os países mais pobres.

Comparados a ela, os BRICs (grupo formado pelos países emergentes Brasil, Rússia, Índia e China) têm o dobro da população e uma menor emissão de carbono per capita. O problema, alerta o relatório, é se os BRICs seguirem no futuro o mesmo padrão de desenvolvimento e consumo da OCDE.

Índia e China, por exemplo, consomem duas vezes mais recursos naturais do que a natureza de seu território pode repor. Atualmente, os países utilizam, em média, 50% mais recursos naturais que o planeta pode suportar. Se os hábitos de consumo não mudarem, alerta o relatório, em 2030 se estará consumindo o equivalente a dois planetas.

Em resposta ao levantamento de 2008, a WWF elaborou um modelo de soluções climáticas, em que aponta seis ações concretas para reduzir as emissões de carbono e evitar maiores perdas de biodiversidade.
Entre elas, a organização aponta a necessidade de investir em eficiência energética, novas tecnologias para gerar energia com baixa emissão de carbono, adotar a política de redução da pegada de carbono e impedir a degradação florestal.

PARA LEMBRAR

De 18 a 29 deste mês acontece em Nagoya, no Japão, a 10ª Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica. Criada em 1992, no Rio de Janeiro, a convenção tinha como principal meta reduzir significativamente a perda de biodiversidade até 2010.

As Nações Unidas até definiram 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade, mas os resultados ainda deixam muito a desejar. Apesar da meta estabelecida, o relatório mais recente da ONU mostra que o planeta perdeu um terço do estoque de seres vivos existente em 1970. O documento aponta como ameaçadas de extinção 42% das espécies de anfíbios do mundo e 40% das de aves - e estima em US$ 2 trilhões a US$ 4,5 trilhões o prejuízo mundial anual com desmatamento. Além da preservação da diversidade biológica mundial, outro tema deve ter destaque nas negociações: a repartição dos recursos oriundos da biodiversidade.


 Turbina ecológica produz energia com correnteza de rios

Uma empresa americana começará a testar neste mês uma nova maneira de produzir energia hidrelétrica: o uso de turbinas de aço que mais parecem moinhos de vento, mas movidas pela corrente de rios e de marés. O projeto da Verdant Power não requer a construção de represas e pode ser implementado em rios de planície, sem desníveis. Um dos interesses da companhia é instalar as turbinas também no Rio Amazonas e seus afluentes.

De acordo com Trey Taylor, presidente da empresa, cerca de 80 milhões de pessoas nos Estados Unidos (onde 80% da energia é produzida por usinas hidrelétricas) tiveram de se mudar por causa da construção de represas desde a década de 1950. “As turbinas podem finalmente acabar com o surgimento de “refugiados” ambientais”, disse Taylor à Folha. O projeto piloto terá um teste no próximo mês no East River, a leste da ilha de Manhattan, na cidade de Nova York.

Para começar, serão instaladas seis turbinas de cinco metros de comprimento e 35 quilowatts de potência cada, presas ao fundo do rio, mas o plano é criar um campo de 200 turbinas, que deverão produzir 10 megawatts de energia elétrica. “Elas ficam fora dos canais de navegação ou são instaladas nos trechos mais fundos dos rios, para evitar acidentes”, explica Taylor.

Projetos semelhantes devem ser desenvolvidos no Rio Lawrence, no Canadá, e também no litoral da Califórnia. Há também planos para levar a tecnologia à Escócia e à Índia, para aproveitar a energia das marés. Não existe ainda um projeto propriamente dito para a Bacia Amazônica. “Tivemos apenas conversas informais com o governo brasileiro e também com empresas locais que poderiam instalar o sistema”, explica Douglas Freburg, presidente da Todo Trading, associada da Verdant Power.

Os requisitos para a instalação das turbinas não são muitos: basta que o rio tenha pelo menos seis metros de profundidade e uma corrente com velocidade mínima de 1,5 metro por segundo.

Para Philip Fearnside, pesquisador do departamento de ecologia do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), a proposta é bem vinda, mas é preciso testar as turbinas nos rios amazônicos. “O Inpa já tentou colocar em prática um projeto parecido no final de década de 70, o “cata-água”, mas teve problemas com as plantas aquáticas enroscadas nas turbinas, que exigiam manutenção constante”, explica.

Teoricamente, as turbinas não oferecem riscos para peixes e outros animais aquáticos: “As hélices giram a 32 rotações por minuto e completam um pouco mais de uma volta a cada 2 segundos, produzindo uma pressão que naturalmente empurra os animais para longe”, explica Taylor, “Além disso, há espaço suficiente para que eles nadem em volta das turbinas”.

No East River, por exemplo, elas devem ficar a 9 metros umas das outras, e a primeira fileira se localizará a 30 metros da segunda. “O comportamento dos peixes não deve variar muito de rio para rio, mas é preciso testar primeiro para avaliar os riscos reais”, afirma Fearnside, do Inpa.

Miniusinas

Para as empresas, outro grande trunfo do projeto é a possibilidade de criar “miniusinas” hidrelétricas para populações ribeirinhas e substituir os poluentes e ineficientes geradores movidos a diesel. A eletricidade produzida localmente poderia ser usada para irrigação, obtenção de água potável ou mesmo para produção de hidrogênio por meio da eletrólise. “Tudo isso pode ser feito sem a necessidade de uma grande estrutura ou cabos de transmissão”, explica Freburg.

Hoje, cada turbina custa US$ 2.500 por quilowatt –as do East River saíram por US$ 87.500 cada–, mas Freburg afirma que o custo deve baixar com o tempo. No Brasil, as turbinas poderiam ser produzidas pela indústria local e dar um incentivo à economia.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u14724.shtml



Dão ao grão o chão.
Brota o fruto do cerne.
Floresce para dar lugar ao próximo.
Nasce uma esperança a cada dia.
Uma chance.
Uma possibilidade.

Priscilla Benedini 

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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Nordeste desponta como potencial de energia eólica




 
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Programa Zoneamento Ecológico-Econômico
 



O Nordeste brasileiro é uma macrorregião muito diversificada do ponto de vista do seu quadro natural, das suas formas de ocupação demográfica, das atividades econômicas ali existentes e das condições sociais e culturais  de sua população.

O ZEE Nordeste propõe  a  montagem de um sistema pelo qual serão construídos os arranjos institucionais e técnicos que possibilitem a articulação dos atores envolvidos no contexto da gestão territorial. Este sistema utilizará dois instrumentos-base: os Cenários para o Bioma Caatinga e a Rede Virtual de Informações da Caatinga (RVC), via pela qual trafegarão todos os subsídios para a gestão ambiental e territorial.

O ZEE Nordeste terá como base o bioma Caatinga, expandindo-se para toda a região, englobando a Mata Atlântica, na zona úmida costeira; Mata de Cocais, no meio norte, na faixa de transição para a Amazônia; e Cerrado, na porção ocidental.

A Caatinga  é o maior  bioma da  região  nordeste, ocupando aproximadamente 60% da região, com 844.00 Km², onde vivem cerca de 28 milhões de pessoas.  É o bioma  semi-árido mais biodiverso do mundo e o menos  conhecido do país, sendo o único exclusivamente brasileiro. Embora as populações do semi-árido tenham uma estreita dependência com a biodiversidade da Caatinga, a ocupação do bioma tem sido cada vez mais predatória.  De fato, 62%  das áreas susceptíveis à desertificação estão na caatinga, muitas delas já atingidas por este processo.

O ZEE Nordeste é um instrumento fundamental para o planejamento do território e para o desenvolvimento sustentável da região. Promove a articulação política, a participação social e a resolução de conflitos relacionados ao ordenamento territorial. Com base nos levantamentos cartográficos georreferenciados, nos bancos de dados gerados e nos conhecimentos adquiridos será possível classificar e mapear diferentes sub-regiões segundo categorias de análise diversas.

Assim, poder-se-á caracterizar zonas do território dotadas de oportunidades, áreas com problemas infra-estruturais a serem equacionados, espaços ambientais ameaçados e segmentos geográficos passíveis de ações estratégicas para o desenvolvimento econômico e social. Essas ações servirão de base à definição de políticas públicas que orientarão os diversos níveis decisórios na adoção de políticas convergentes com as diretrizes de desenvolvimento sustentável.

Neste contexto, é fundamental para a Caatinga e todo o Nordeste a utilização do Zoneamento Ecológico-Econômico como instrumento para a promoção da conservação e do uso sustentável, uma vez que o ZEE irá orientar os melhores usos da terra para cada situação ecológica, econômica e social presente na região, assim como dará suporte para as atividades de monitoramento e fiscalização.







 
 
 
 
Nordeste desponta como potencial de energia eólica


Cada vez mais indústrias do segmento estão aportando nos estados nordestinos em função da viabilidade de ventos

O potencial eólico do Nordeste já era conhecido. Com a instalação de fabricantes de equipamentos neste segmento, a região passa a despontar como o maior mercado eólico do país. Cada vez mais indústrias estão aportando nos estados nordestinos, a exemplo da espanhola RM Eólica, inaugurada nessa semana em Suape. A vinda desses empreendimentos estão viabilizando a construção dos parques por um custo menor.

No primeiro leilão de compra de energia de reserva voltado exclusivamente para a fonte eólica, em dezembro do ano passado, dos 71 projetos de geração contratados para fornecer energia ao país a partir de 2012, 63 estão instalados no Nordeste. Foram 23 no estado do Rio Grande do Norte, que concentrou 657 MW (megawatts), 21 no Ceará, com 542 MW, 18 na Bahia, com 390 MW, e uma em Sergipe, com 30 MW. A participação da região no próximo leilão, previsto para junho deste ano, não deve ser diferente.

Já existem 399 projetos de centrais de eólicas cadastrados, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Desses, 312 estão no Nordeste. São 8,3 mil MW de um total de 10,5 mil MW inscritos. Há projetos na Bahia (53), Ceará (106), Pernambuco (1), Piauí (18), Rio Grande do Norte (133) e Sergipe (1). Fora do Nordeste há apenas 87 propostas para o Rio Grande do Sul. Ou seja, é no Nordeste que a geração de energia pela força dos ventos está acontecendo. Os fabricantes de equipamentos estão percebendo essa concentração e resolveram apostar na região.

Em Pernambuco, já operava em Suape a Impsa, uma indústria argentina de turbinas eólicas. Nessa semana, foi a vez do grupo Gestamp inaugurar a RM Eólica, que irá produzir 1 mil torres por ano - quase todo o volume necessário para montar os parques aprovados no primeiro leilão para o Nordeste. Na ocasião, o mesmo grupo espanhol também anunciou a instalação de uma segunda unidade no estado para produzir flanges, um componente usado na montagem das torres. E a vinda de empreendimentos não param por aí. Grandes fabricantes já planejam reforçara produção de equipamentos no Nordeste. Na produção de torres, uma das interessadas é a Engebasa. Na produção de turbinas, a região ganhará unidades da Alston, Suzlon e Vestas. E a Tecsis também estuda a instalação de uma planta para produzir pás. Suape, inclusive, é um dos pontos cogitados.

Para se ter ideia, até 2006, a Wobben era o único fabricante de equipamentos eólicos em todo o país. Por muito tempo, a falta de uma produção nacional foi um entrave para o desenvolvimento dessa matriz energética. Aos poucos, o país foi atraindo fabricantes e algumas empresas também foram direcionando a sua produção para o segmento eólico. Mas a maior parte da produção ainda se concentra no Sudeste.

"Agora os principais fabricantes, se já não estão instalados no Nordeste, estão planejando se instalar na região", conta Pedro Perrelli, diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeólica). "É preciso ter 60% de equipamentos nacionais para conseguir financiamento. Mas se fosse trazer apenas uma torre de São Paulo em carreta teria um custo de R$ 300 mil", calcula Everaldo Feitosa, diretor da Eólica Tecnologia, empresa que acaba de montar três parques eólicos no estado com torres produzidas em Pernambuco. "A vinda dessas indústrias é fundamental para viabilizar os parques eólicos no Nordeste, barateando o custo da energia gerada", comenta.


Fonte: Diário de Pernambuco/Mirella Falcão